Adolescência e as rivalidades(entrevista)
Por Luzia Winandy
Entrevista para a Revista Uma Girl no. 08 de março/2010
A adolescência é uma fase marcada por conflitos e incertezas. Faz parte da natureza humana, feminina, principalmente nesta fase de idade, onde a competição entre as meninas está permeando os relacionamentos entre si, querendo disputar não só o amor do menino, mas quem é a mais bonita, a melhor e a que “tem” mais. Principalmente porque hoje estamos vivendo uma valorização da beleza física, da aparência e do consumo. Saber quem vai ser a escolhida, pode ter um significado simbólico de que ela é a melhor e a mais bonita. Afinal ela foi a escolhida pelo menino e não a outra. Se isto acontece muito freqüentemente, o risco é ela poder montar a construção de sua identidade pautada nestes impasses de valorização, empobrecendo-se psiquicamente e dificultando a organização da identidade, tarefa fundamental da adolescência.
Muitas vezes, esses meninos disputados são os ditos “populares” da sala de aula, que são meninos que estão sempre marcando sua presença, querendo mostrar visibilidade de alguma forma: como sendo o mais extrovertido, engraçado, o superior, o animador, ou seja, querem se diferenciar dos demais. Dependendo do código de valores de algumas meninas, elas valorizam e se sentem atraídas por estes tipos de garotos, porque a faz se sentir também popular, vendo o garoto muitas vezes como um “ídolo”, ficando iludidas e formando fantasias platônicas em relação ao menino.
No entanto duas amigas podem facilmente conviver com isto, com essas fantasias de “namoricos” em relação ao mesmo menino, conversando entre si, não deixando que essa “competição” se transforme em rivalidade. Elas simplesmente estão “gostando do mesmo gatinho” e ponto. Deixar rolar. Porque se elas ficarem rivalizando, outros sentimentos negativos vão surgir, como a inveja, o ciúmes, a desconfiança, o ressentimento e assim esta amizade pode encaminhar para uma inimizade. Neste ponto esta competição se torna nociva, e num lugar de competição se transforma em rivalidade e hostilidade entre elas.
A melhor forma de lidar com isto é levar tudo na brincadeira. Faz parte da adolescência e afinal os meninos também fazem esse joguinho, ficam de olho para ver quantas meninas eles “vão pegar”.
O Melhor a fazer é partir para outros tipos de competições como por exemplo nos jogos, nas brincadeiras e no esporte. Porque estas competições, sim, vão trazer um grande beneficio para a construção da identidade do adolescente, porque envolve todo um processo lúdico, cognitivo e de aprendizagem. Vai contribuir em muito para desenvolver um companheirismo de grupo e respeito à integridade do colega oponente.
Luzia Winandy