Mudanças Comportamentais (Entrevista)
Por: Luzia Winandy
Participação na Matéria do portal:
http://abiliodiniz.uol.com.br/qualidade-de-vida/escolha-propria.htm
1 – Embora a sociedade esteja mais aberta às mudanças comportamentais, hoje ainda há muita cobrança social em cima das ações individuais. Um exemplo é o que acontece com a mulher. Se ela está solteira por muito tempo, cobram quando ela vai casar, se ela casa, quando vai ter filhos, etc. Como as pessoas podem lidar melhor com essas cobranças sociais para não sofrerem com isso?
Penso que isto faz parte da vida, vivemos numa cultura onde formar uma família ainda é algo que no final das contas é o desejo de uma grande maioria. As pessoas que se sentem cobradas a ter um companheiro e filhos, na verdade estão projetando na sociedade uma cobrança particular delas mesmas que muitas vezes não podem ser vistas em si próprias. As pessoas se cobram de ter esta família porque querem atender a um desejo delas que provavelmente esteja ainda latente mas que só está sendo manifesto na “voz” da sociedade. Porque as mulheres não estão muitas vezes podendo dizer: eu quero ter uma família, eu desejo casar, ter filhos, ser uma mãe e ter tudo que uma mulher sonha. Porque a maternidade é algo inato, são poucas as mulheres que não sonham em ter um companheiro e em ter filhos. Ela está muito conflitante com essa nova mulher que precisa dar conta de uma carreira profissional e além do mais ser bem sucedida. Por isso, quando a sociedade cobra esta realização de mulher ela fica tão sofrida, por coincidir justamente com um desejo e sentimento próprio dela, que ela não está podendo identificar como sendo seu. A melhor forma de lidar com isto é a pessoa entrar em contato com seus próprios desejos e sonhos. Nós não sonhamos com uma única coisa, o que precisamos é priorizar a busca da realização do sonho que julgamos ser mais importante.
2 – Você fala no seu artigo “Tirando as máscaras” que usamos máscaras para convivermos em sociedade. Como perceber que essas máscaras estão prejudicando nossa jornada e que devemos nos livrar delas? Como é possível nos livrar das máscaras sociais?
Precisamos de “mascaras” para conseguirmos viver de forma civilizada na sociedade. Esta máscara é fundamental para nossa sobrevivência e para uma boa convivência com aqueles que nos cercam. Isto é, sermos educados, e atender as leis/ normas de uma cultura, sociedade e família. No entanto, precisamos nos cuidar para que estas máscaras não nos enrijeçam a tal ponto de perdemos nossa liberdade de “ser” e vivermos aprisionado em atender unicamente expectativas dos outros sobre nós, com uma preocupação constante de agradar e ser aceito. Se deixamos de ousar e correr risco nas nossas decisões corriqueiras, com medo de se responsabilizar pelas conseqüências de seus atos, está na verdade passando do limite no uso da “máscara”, principalmente se o impedimento for o medo da avaliação pelo outro e da vergonha que sentirá se perceberem seu erro. Ele estará privilegiando o julgamento do outro em detrimento de seu próprio desejo e criatividade. Quando arriscamos, nos deparamos com nossas próprias frustrações, fragilidades, defeitos, incompetências, impotências e medos que nos mobilizará e permitirá nos desenvolvermos melhor como pessoas.
3 – Você acha que o caminho em busca da felicidade tem a ver com assumir as próprias escolhas e enfrentar a pressão social e externa? Ou você acredita que a pessoa que segue padrões pré-estabelecidos tem mais chance de ser feliz? Por quê? Poderemos pensar que assumir as próprias escolhas e se responsabilizar pelas suas conseqüências, é um sinal de amadurecimento que nos eleva a auto-estima desencadeando uma sensação de felicidade. Claro que não podemos esquecer que existem normas / regras sociais e familiares que não tem como fugirmos delas. É o equilíbrio entre estas forças que vai fazer a diferença.
Luzia Winandy